terça-feira, 12 de novembro de 2013

Resenha: "Os Noivos"

RESENHA: VÍCIOS E VIRTUDES

RODRIGUES, Nelson. Os Noivos. In: A vida como ela é.... Rio de Janeiro: 1961.

A obra foi escrita primeiramente para uma coluna de um jornal no período entre 1951 e 1961, quando foi publicada em um livro chamado “A vida como ela é...” junto às demais obras publicadas na coluna. É um conto feito pelo dramaturgo Nelson Rodrigues representando a sociedade carioca e seus costumes tendo como plano de fundo as relações familiares e amorosas, levando o questionamento do homem quanto à maneira com que ele se submete a costumes de forma irracional.
A obra é dividida em oito partes, cada uma delas demonstra uma maneira de se ver a situação dos personagens, desde sua pureza até a tolice. Essa divisão também nos proporciona sentimentos diferentes dependendo da situação do personagem.
A primeira parte é a introdução da obra, em que Salviano é instruído por seu pai a honrar costumes relacionados a pureza do relacionamento, instrução esta dada não de forma autoritária, mas sim em conselhos que são adotados por Salviano através de sua submissão, respeito e admiração que tinha ao seu pai, o conselho era que não tivesse relações sexuais com sua noiva, mas exemplificou o conselho com um beijo, que por muito dar se enjoaria, perderia segredos e interesses um no outro, mas este conselho foi absorvido de forma literal por Salviano.
Salviano era adulto, transparente em sua vida, tudo quanto pensava ou sentia falava para sua noiva ou seu pai, já tinhas suas próprias convicções, mas uma dessas convicções era a extrema confiança que tinha em seu pai.
Notário é o nome do pai de Salviano, este tinha como característica principal sua autoridade, falava de forma extremista quanto à princípios, ele fumava dando a ele um aspecto de homem com maturidade.


A segunda parte da obra é chamada de “A Sombra Paterna”, em que Salviano diz a sua noiva sobre a conversa com seu pai, nesse instante é apresentado ao leitor a noiva de Salviano.
Edila, era a noiva de Salviano, tinha atitudes e aparências que a caracterizavam como frágil e juvenil, mas tinha personalidade bem segura, escondia seus pensamentos sobre determinados assuntos para manter sua boa imagem.
 Antes que Edila expressasse sua opinião sobre a conversa Salviano expressa sua admiração a seu pai, após isto Edila confirma as qualidades de seu sogro não querendo confrontar seu noivo. Salviano antes de ir fala asseguradamente que seu pai não é falho.
A terceira parte do texto é intitulada “O Beijo”. A mãe de Edila também resolve exortá-la quanto aos perigos do namoro, colocando o prazer do beijo como um aspecto ruim, tendo na verdade uma preocupação quanto ao que o beijo levaria que é à relação sexual, que de acordo com os princípios da época feita antes do casamento é um erro.
A quarta parte “O Edílio” é caracterizada pelo aspecto romântico, mas um romantismo visto apenas de forma isolada, pois em conjunto com a obra é visto como hipocrisia. É revelada nesta parte da obra a pureza e limitações do namoro entre Salviano e Edila, encarado pelos dois de forma paciente, sem fugas do direcionamento pai de Salviano. O namoro além de deixar o sexo para o casamento, também se abdicou dos beijos.
Salviano apesar de seguir os conselhos de seu pai deixava transparecer suas necessidades e desejos, mas sua noiva negava seus desejos e mentia quanto as suas opiniões, preservando a imagem de boa moça, e se diferenciando das demais mulheres.
Na parte denominada “O Velho” da obra, é exposta a proximidade de Salvino com seu pai, que tinha o costume de prestar contas sobre tudo a seu pai desde criança. Demonstra que os elogios que dava ao seu pai nas conversas com Edila, refletiam admiração da parte da moça.
Então no trecho denominado “Catástrofe”, o médico da família de Edila vai ao emprego de Salviano, e diz de forma objetiva que sua esposa esta grávida à três meses, condicionando o noivo a milhares de questionamentos, quebrando milhares de pilares erguidos em confiança por sua noiva. Antes de falar a sua noiva, Salviano foi a casa do pai lhe dar satisfações e buscar conselhos, demonstrando sua extrema dependência e fragilidade.
Na penúltima parte chamada “Misericórdia”, o pai de Salviano lhe diz para perdoar sua noiva, e que não deveria puni-la e sim o homem responsável pela gravidez, acusando o ex-namorado de Edila, o Pimenta.
Na última parte chamada “O Inocente”, Salviano mais uma vez segue os conselhos de seu pai e retira o ódio que sentia por sua noiva e coloca no homem responsável pela gravidez. Ele questiona Edila sobre quem teria sido o amante, se teria sido seu ex-namorado e esta não responde, então Salviano sai à procura de Pimenta e o mata, logo em seguida comete suicídio.
O velório ocorre na casa do pai, e na madrugada do velório ainda com outras pessoas na casa, Notário pai de Salviano, escondido dá um beijo em Edila e afirma ter sido melhor da forma com que aconteceu, pois ninguém desconfiaria de nada.
A palavra desconfiança que aparece no final da obra dita por Notário, faz contraste com a confiança que seu filho tinha nele. A obra tem como objetivo revelar a importância do raciocínio em todas as atitudes, ela busca um aconselhamento sobre o direcionamento que nos é dado através de costumes, famílias e religião.
A obra é uma critica aos costumes de influencia religiosa, e apesar de comparar Notário com a Bíblia e o sexo com o Diabo, não tem como objetivo criticar a Bíblia já que a mesma nos aconselha a não confiar no homem:

”Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!”Jeremias 17:5

O texto critica a ignorância com que os costumes regem a sociedade. A racionalidade é tão exaltada que o verdadeiro amante é revelado pelo próprio autor na obra e mostra que apesar de ser um drama tem como objetivo o aconselhamento e seu reflexo na sociedade e não o entretenimento.



REFERÊNCIAS:

A vida como ela é... – Wikipédia, a enciclopédia livre. 2013

Bíblia Sagrada – Jeremias 

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