segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

ESPELHO – SEBASTIÃO JÚNIOR

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É fascinante olhar em seus olhos
É como um ponto de descanso nessa dura vida
Talvez a gente seja como um espelho
Que pode refletir o valor que o outro tem

É por isso que eu estou aqui
Pois sempre que eu estou contigo
Chego mais perto de Deus

[REFRÃO]
Você sempre tem as palavras certas
Mesmo quando eu não consigo falar
Você sempre está por perto
Estando aqui ou em qualquer outro lugar

Andando do seu lado
Eu sinto os seus batimentos
Eu consigo sentir o que te faz viver
Aproveitando deste simples momento
Enquanto espero o teu tempo

Eu olho em seus olhos e tudo se cala
Eu me aproximo aos poucos
Será que é mesmo o amor?
Será que o beijo rolou?

É por isso que eu estou aqui
Pois sempre que eu estou contigo
Vejo que Deus nunca me abandonou


[REFRÃO]

domingo, 1 de dezembro de 2013

NAS MESMAS RUAS - SEBASTIÃO JÚNIOR

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A cada dia eu te perco um pouco mais
Ou minha espera é o que me faz chegar mais perto de ti
Se estou sem jeito é porque eu me importo demais
Pra dizer que eu só queria estar contigo de vez

O tempo no relógio não é o mesmo tempo que se passa aqui
A cada dia que se passa eu sinto mil anos passando por mim
Eu vejo a noite envolver nossos sonhos e nossas orações
Enquanto Deus vai unindo os nossos corações

[REFRÃO]
Eu te vejo sorrindo pra mim
Eu te vejo andando aqui
Nas mesmas ruas que eu andei procurando por ti
Eu vou te buscar pra te fazer feliz
Falar um pouco mais sobre este Deus
Pois só Ele é que pode nos reunir

Eu já te vi sofrendo demais,
Sorrindo demais, falando demais
Então modera um pouco mais
Pra que a amizade dê lugar pra o verdadeiro amor
Mesmo que, às vezes, a gente brigue um pouco
Mesmo que, às vezes, a gente pense em desistir
O elo que nos une é Deus, então vamos nos permitir

[REFRÃO]

Então eu sinto a batida no peito
É você chegando mais perto
Será que é o tempo certo?
Espero Deus te convencer
Se sou o cara certo mesmo pra você
Vejo você sorrindo e é difícil te esquecer
Então será que isso acontece só comigo?
Eu oro por ti e você ora por mim.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Resenha: "Os Noivos"

RESENHA: VÍCIOS E VIRTUDES

RODRIGUES, Nelson. Os Noivos. In: A vida como ela é.... Rio de Janeiro: 1961.

A obra foi escrita primeiramente para uma coluna de um jornal no período entre 1951 e 1961, quando foi publicada em um livro chamado “A vida como ela é...” junto às demais obras publicadas na coluna. É um conto feito pelo dramaturgo Nelson Rodrigues representando a sociedade carioca e seus costumes tendo como plano de fundo as relações familiares e amorosas, levando o questionamento do homem quanto à maneira com que ele se submete a costumes de forma irracional.
A obra é dividida em oito partes, cada uma delas demonstra uma maneira de se ver a situação dos personagens, desde sua pureza até a tolice. Essa divisão também nos proporciona sentimentos diferentes dependendo da situação do personagem.
A primeira parte é a introdução da obra, em que Salviano é instruído por seu pai a honrar costumes relacionados a pureza do relacionamento, instrução esta dada não de forma autoritária, mas sim em conselhos que são adotados por Salviano através de sua submissão, respeito e admiração que tinha ao seu pai, o conselho era que não tivesse relações sexuais com sua noiva, mas exemplificou o conselho com um beijo, que por muito dar se enjoaria, perderia segredos e interesses um no outro, mas este conselho foi absorvido de forma literal por Salviano.
Salviano era adulto, transparente em sua vida, tudo quanto pensava ou sentia falava para sua noiva ou seu pai, já tinhas suas próprias convicções, mas uma dessas convicções era a extrema confiança que tinha em seu pai.
Notário é o nome do pai de Salviano, este tinha como característica principal sua autoridade, falava de forma extremista quanto à princípios, ele fumava dando a ele um aspecto de homem com maturidade.


A segunda parte da obra é chamada de “A Sombra Paterna”, em que Salviano diz a sua noiva sobre a conversa com seu pai, nesse instante é apresentado ao leitor a noiva de Salviano.
Edila, era a noiva de Salviano, tinha atitudes e aparências que a caracterizavam como frágil e juvenil, mas tinha personalidade bem segura, escondia seus pensamentos sobre determinados assuntos para manter sua boa imagem.
 Antes que Edila expressasse sua opinião sobre a conversa Salviano expressa sua admiração a seu pai, após isto Edila confirma as qualidades de seu sogro não querendo confrontar seu noivo. Salviano antes de ir fala asseguradamente que seu pai não é falho.
A terceira parte do texto é intitulada “O Beijo”. A mãe de Edila também resolve exortá-la quanto aos perigos do namoro, colocando o prazer do beijo como um aspecto ruim, tendo na verdade uma preocupação quanto ao que o beijo levaria que é à relação sexual, que de acordo com os princípios da época feita antes do casamento é um erro.
A quarta parte “O Edílio” é caracterizada pelo aspecto romântico, mas um romantismo visto apenas de forma isolada, pois em conjunto com a obra é visto como hipocrisia. É revelada nesta parte da obra a pureza e limitações do namoro entre Salviano e Edila, encarado pelos dois de forma paciente, sem fugas do direcionamento pai de Salviano. O namoro além de deixar o sexo para o casamento, também se abdicou dos beijos.
Salviano apesar de seguir os conselhos de seu pai deixava transparecer suas necessidades e desejos, mas sua noiva negava seus desejos e mentia quanto as suas opiniões, preservando a imagem de boa moça, e se diferenciando das demais mulheres.
Na parte denominada “O Velho” da obra, é exposta a proximidade de Salvino com seu pai, que tinha o costume de prestar contas sobre tudo a seu pai desde criança. Demonstra que os elogios que dava ao seu pai nas conversas com Edila, refletiam admiração da parte da moça.
Então no trecho denominado “Catástrofe”, o médico da família de Edila vai ao emprego de Salviano, e diz de forma objetiva que sua esposa esta grávida à três meses, condicionando o noivo a milhares de questionamentos, quebrando milhares de pilares erguidos em confiança por sua noiva. Antes de falar a sua noiva, Salviano foi a casa do pai lhe dar satisfações e buscar conselhos, demonstrando sua extrema dependência e fragilidade.
Na penúltima parte chamada “Misericórdia”, o pai de Salviano lhe diz para perdoar sua noiva, e que não deveria puni-la e sim o homem responsável pela gravidez, acusando o ex-namorado de Edila, o Pimenta.
Na última parte chamada “O Inocente”, Salviano mais uma vez segue os conselhos de seu pai e retira o ódio que sentia por sua noiva e coloca no homem responsável pela gravidez. Ele questiona Edila sobre quem teria sido o amante, se teria sido seu ex-namorado e esta não responde, então Salviano sai à procura de Pimenta e o mata, logo em seguida comete suicídio.
O velório ocorre na casa do pai, e na madrugada do velório ainda com outras pessoas na casa, Notário pai de Salviano, escondido dá um beijo em Edila e afirma ter sido melhor da forma com que aconteceu, pois ninguém desconfiaria de nada.
A palavra desconfiança que aparece no final da obra dita por Notário, faz contraste com a confiança que seu filho tinha nele. A obra tem como objetivo revelar a importância do raciocínio em todas as atitudes, ela busca um aconselhamento sobre o direcionamento que nos é dado através de costumes, famílias e religião.
A obra é uma critica aos costumes de influencia religiosa, e apesar de comparar Notário com a Bíblia e o sexo com o Diabo, não tem como objetivo criticar a Bíblia já que a mesma nos aconselha a não confiar no homem:

”Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!”Jeremias 17:5

O texto critica a ignorância com que os costumes regem a sociedade. A racionalidade é tão exaltada que o verdadeiro amante é revelado pelo próprio autor na obra e mostra que apesar de ser um drama tem como objetivo o aconselhamento e seu reflexo na sociedade e não o entretenimento.



REFERÊNCIAS:

A vida como ela é... – Wikipédia, a enciclopédia livre. 2013

Bíblia Sagrada – Jeremias 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O Que Deus Juntou

O Que Deus Juntou
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O tempo passado se foi sem deixar vestigios, [sem deixar vestigios]
Nem razões para voltar atrás...

Hoje eu vejo quanto tempo eu perdi lutando,
Quanto tempo eu perdi tentando escolher
O melhor caminho pra que eu pudesse viver,
Hoje eu sei que quando eu busco a Deus somente
Eu encontro tudo o que eu preciso
Em minha vida pra seguir em frente [2x]

E quando meus olhos te viram ao terminar de orar
Eu pude enxergar, que ali mesmo estava o que eu sempre procurava
Deus me deu esta canção pra que eu pudesse explicar
O que eu sempre quis falar, eu sempre quis falar

[REFRÃO]
Que eu vou esperar por este amor
Não importa o tempo que for
Ficarei aqui até o dia em que
Eu possa te beijar
Eu possa te falar
Que eu sempre quis você
Mas não sabia o que dizer.

Como eu poderia não estar bem,
Se agora eu tenho uma garota que me faz tão bem,
[Ela me faz tão bem]
Sirvo a um Deus que me fez sentir,
Um dia feliz e muitos ainda estão porvir

E eu posso te dizer: “Que eu amo você”.
Eu posso te dizer: “Que eu só quero você”.
E que nada nem ninguém irá nos separar
Eu sei que nada nem ninguém poderá separar

O que Deus criou,
O que Deus juntou,
O que Deus amou. [2x]

[REFRÃO]



*Música feita em 2010.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Pra Ser Feliz


Pra Ser Feliz

Você é o Único que me faz compreender
Todas as formas e erros que habitam em meu ser
É justo em todas as atitudes e em toda a Tua criação
Escreveu as dicas pra ser feliz em meu coração.

Mesmo assim, eu errei contra Ti meu Senhor,
Mesmo assim, eu não soube ser feliz,
Mesmo assim, eu errei contra Ti meu Senhor,
Mas te peço perdão e recomeço outra vez...

[REFRÃO]
Eu reconheço, quero mudar,
Voltar a Tua casa onde é o meu lugar
Eu recomeço, quero voltar,
Sou sacrifício posto em Teu altar

Em pensar que tantas vezes neguei a Tua voz,
Sendo que veio aqui, sofreu por todos nós,
Tão ingrato eu negava Você,
Que só queria me fazer compreender
Que pra ser feliz eu preciso de Ti,
Que pra ser feliz eu preciso Te ouvir,
Que pra ser feliz eu preciso de Ti,
Que pra ser feliz eu preciso recomeçar.

[REFRÃO]

E agora esqueço de tudo que eu era
E peço que viva em mim,
Os meus erros eu quero que transforme
No Teu mais perfeito amor.

Meu Senhor, eu preciso de Ti.
(Estou aqui)


Texto Base:
Jeremias 31:31 e Lucas 15.

*Música tocada a primeira vez no “Culto Jovem” da Igreja Batista Parque Piauí, em 2009.


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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Um Esqueleto - Resenha

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RESENHA: A NOIVA

ASSIS, Machado de. Um Esqueleto. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. v. II.

A obra faz parte do período romântico de Machado de Assis, publicada em 1875 no Jornal das Famílias, seu exagero pode ser visto como uma paródia das características do romantismo, mas também reforça o gênero, pela maneira com que foi escrito, não ofendendo o gênero mas questionando-o, acrescentado de mistérios e conselhos exemplificados.
O conto tem como objetivo demonstrar o ser macabro que o homem pode se tornar e o que nos leva a ignorá-lo. Seu enredo acontece quando doze rapazes que estão em uma praia conversam sobre artes, letras e política, mas contém elementos de descontração, dentro de um cenário onde há um mar irelevante aos personagens e uma noite que aparentava trazer uma chuva.
Logo neste inicio é feito um pedido pelo perdão de Deus, pelas palavras descontraídas e trocadilhos feitos pelos rapazes, demonstrando que o conteúdo não é totalmente direto, e as informações começam a ser lançadas em palavras soltas como vestígios, assim como o número doze faz referência aos doze dicípulos de Jesus. O pedido pelo perdão de Deus por simples trocadilhos o coloca na posição de carrasco e extremista, o mar que é ignorado pelos personagens é relacionada na Bíblia Sagrada como povos, fazendo referência aos apóstolos mais uma vez:

“Disse-me ainda: As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas.” Apocalipse 17:15

Um dos rapazes elogia a língua alemã e um rapaz chamado Alberto concorda comentando sobre as vantagens da língua, revela ter aprendido esta língua com o Dr. Belém. A língua ensinada pelo Dr. Belém revela a sua origem e sua identidade. Belém era magro, alto, tinha os cabelos grisalhos e caídos, aparentava ter mais de sessenta anos, embora não chegasse aos cinquenta, era bastante voltado aos estudos e teve bastante desgostos em sua vida, vinha de Minas com o propósito de imprimir dois livros, mas não achando escritor, rasgou-os. Havia descoberto um planeta, mas ao enviar uma carta para a Academia das Ciências de Paris, esta foi para Goiás. Após a informação um dos rapazes riu sobre a falta de sorte de Dr. Belém, mas o narrador Alberto não gostou do comentário. Alberto era o narrador da história que tinha olhos direcionados ao chão e melancólicos, ele descreve Dr. Belém como um homem excêntrico que não era completamente bom, como o maior amigo que jamais teve e que tinha saudades, estas informações geraram uma brusca mudança de humor, dando lugar a um suspense.
A caracterização de Dr. Belém como um homem que não era completamente bom e o seu próprio nome os disfarçam com as características de Jesus Cristo, por ter nascido em Belém e por ter dito a seguinte frase descrita na Bíblia Sagrada:

“Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um que é Deus.” Marcos 10:18

Um dia após um questionamento de Alberto sobre seu estado civil, Belém decide se casar com D. Marcelina. Ela era de ouro preto, viúva, não era bonita, mas era simpática, tinha bens mas não ultrapassavam os de seu pretendente. Certa vez, em uma conversa Belém afirma que sua primeira esposa era mais bonita que sua atual noiva e interroga-o se nunca a conheceu, resolvendo mostrá-la a Alberto, ela era um esqueleto dentro de um armário de vidro coberto por um pano verde.
A singularidade de Dr. Belém é a sua característica principal, era um homem que sabia usar as palavras, que tinha um ponto de vista do mundo diferente dos outros, estes que o viam como amigo íntimo do Diabo, não que não fosse, mas ele via a beleza onde os outros não viam como em um esqueleto, que ainda era uma parte de sua antiga esposa, ele mostrava amor até mesmo nas atitudes que geravam medo.
 Em um dos jantares foi revelado o nome de mais um personagem, João servo de Belém, mais uma referência a Jesus Cristo na Bíblia Sagrada, por seu nome, por ser servo e ter a mesma idade de Dr. Belém:

“Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo, e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!” Lucas 1:41-42

Após a revelação do esqueleto, a responsabilidade de Alberto por medo de acontecer algo à D. Marcelina crescia, então Dr. Belém a pede em casamento utilizando de sua habilidade com as palavras, e ela nega o pedido, ele pede mais duas tentativas, uma frustrada e a outra com sucesso. Eles se casaram e viveram um mês de felicidade plena, depois D. Marcelina já estava triste, o motivo Alberto descobriu em um dos seus jantares com seu mestre quando discutiam sobre o Fausto, neste momento, Dr. Belém já se caracteriza como um lobo em pele de cordeiro, e é comparado com Mefistófeles, nas versões de Fausto, ela é uma personagem satânica da Idade Média que pede a alma à Fausto em troca do grau máximo de conhecimento e o coração de uma bela donzela. Ao ir jantar Alberto se depara com o esqueleto entre Dr. Belém e D. Marcelina na mesa, ele apavorado correu da casa.
Passou Alberto três dias sem visitar Dr. Belém, ele não tomou nenhuma providência a respeito, estes três dias fazem referência ao período que Cristo estava morto. Após isto, Alberto foi convidado a outra visita e desta vez teve atitude de confrontar o doutor, mas este com argumentos fortes sobre seu respeito e carinho por sua primeira mulher, apenas demonstrava mais amor ao esqueleto, falava sobre a importância do ser humano, e o desrespeito que é não considerar os restos mortais deixados por quem amamos.
Houveram algumas informações importantes nesse novo encontro, o nome de sua primeira esposa era Luísa e o motivo da morte foi um assassinato cometido pelo próprio Dr. Belém, por ciúmes de um caso que não existiu. O esqueleto junto a eles era um aviso a D. Marcelina para que ela não cometesse adultério, após a ameaça Alberto vai embora e promete não voltar.
Após um bilhete de D. Marcelina pedindo que ele não à abandonasse, pois era o único que ainda os visitava, ele muda de idéia e vai visitá-los, mas desta vez Belém diz ir fazer uma viagem e pede que Alberto faça compania a Marcelina, eles decidem que ela deveria ficar junto com a irmã de Alberto, para não dar motivo a rumores.
Após um mês da ausência de Dr. Belém eles recebem uma carta pedindo que eles fossem ao encontro dele junto com o esqueleto, Alberto cauteloso chamou seu cunhado e sua irmã para irem juntos.
Chegando se depararam com ele alegre, mas frio com D. Marcelina, passaram dois dias lá. Querendo voltar pediram que  ficasse mais um. Três dias, novamente, sem atitudes. No terceiro dia, Dr. Belém convida sua esposa a ver lindas parasitas no mato, ela pede que Alberto vá junto e ele aceita ir.
Ao chegar lá avistam um riacho com um esqueleto e Dr. Belém confessa que iria cometer um crime, mas que pelo amor que sente pelos dois, não iria fazer mais aquilo, que eles se amavam, e que queria que os dois fossem felizes, e pra isso deveria deixá-los, Alberto negou tudo, mas Belém saiu abraçado com o esqueleto de sua mulher, enquanto D. Marcelina desmaiou, Alberto chamou ajuda, e terminou assim o conto de Alberto.
Alberto ao termino do conto, diz que Dr. Belém nunca existiu, logo em seguida há uma polifonia do escritor com uma frase, afirmando que seria inútil explicar o que esta declaração proporciona, a declaração citada é a de Alberto ao dizer que Dr. Belém não existiu, pois ele existiu, não com este nome, mas com o nome de Dr. Antônio José Peixoto, que assassinou sua esposa Eugênia Mege por ciúmes, roubou o corpo da sepultura colocando o esqueleto em uma vitrine em seu consultório. Eugênia era uma cantora lírica francesa, que ao chegar ao Brasil se apaixonou por José.
A obra se assemelha a lenda popular “Fausto” da Alemanha, que também é baseada em fatos reais, houve um homem chamado Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540), que fez um pacto com o demônio Mefistófeles em troca de conhecimento, a mais famosa obra baseada na lenda foi escrita por Goethe em 1806. O texto também tem uma intertextualidade com a obra “Historia von dr. Johann Fausten” de Johann Spiess, que também é sobre o Fausto.
É tentador a presença de palavras e números que nos lembrem a história de Jesus, não só em vestígios, mas podemos ver na obra também um pensamento e identidade gravados pelo autor. Jesus é representado por Dr. Belém, sua atual noiva representa a igreja conquistada por Cristo na cruz:

“Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou, e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos.”  Apocalipse 19:7-8

O esqueleto de sua antiga esposa representa os povos do antigo testamento, a noiva ao se casar terá seus banquetes ao lado de uma terrível ameaça, e atormentada por lembranças torturantes dos que já se foram. Dr. Alberto representa o próprio Diabo, amigo, que já o amou tanto, mas o traiu para tentar proteger a noiva das consequências da primeira vítima.
O conto é bem objetivo, mas tem infinitas possibilidades de acordo com as particularidades dos leitores. Utiliza de uma história sem desfechos, ou explicações, dando ao conto uma expansão maior de alcance. Excelente para quem procura por perguntas, e intrigante para quem busca por respostas.







REFERÊNCIAS:

Fausto – Wikipédia, a enciclopédia livre. 2013

Mefistófeles – Wikipédia, a enciclopédia livre. 2013

Um esqueleto (Conto da obra Contos escolhidos). 2013

Bíblia Sagrada – Apocalipse, Lucas e Marcos - Tradução: João Ferreira de Almeida.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A Cartomante - Resenha



RESENHA: ENTRE O CÉU E A TERRA

ASSIS, Machado de. A Cartomante. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. v. II.



           O conto aborda os mistérios e segredos entre a fé e a razão dentro de um drama com características românticas. Seu enredo é sobre uma cartomante e um triângulo amoroso entre Vilela, Rita e Camilo, sendo iniciado com uma frase de Shakespeare da peça Hamlet sobre os mistérios que estão entre o céu e a terra, essa frase será a norteadora dos propósitos do autor.
           Em uma sexta-feira de novembro de 1869, Camilo e Rita estão em uma conversa sobre uma consulta de Rita a uma cartomante e Camilo questiona a veracidade da cartomante. Vilela e Camilo são amigos de infância, Camilo é um homem que se tornou muito cético aos 20 anos, mas tem em sua origem superstições e crendices, influenciado por sua mãe, na área profissional havia escolhido uma profissão diferente da que seu pai lhe indicou, seu pai faleceu algum tempo depois e Camilo desfaleceu e não quis nenhum emprego, no entanto a mãe de Camilo conseguiu um emprego público e o convenceu a trabalhar.
           Na história de Camilo há duas prováveis explicações ao ceticismo dele, a primeira é sua tendência de ir contra os valores familiares impostos pelo profissionalismo indicado pelo pai e as crendices da mãe, outra explicação é o impacto da morte de seu pai, pois após o falecimento do mesmo Camilo não quis ser nada, também podemos notar que houve uma desvalorização do valor paterno por Camilo dando uma justificativa divina a morte do seu pai.
            Vilela seguiu a carreira de magistrado se ausentando de Camilo, casou-se com Rita e abandonou a magistratura abrindo banca de advogado. Vilela se comunicava por carta com Camilo demonstrando sua valorização de amizade e a carta como um elemento essencial. Na história de Vilela há um contraste a Camilo em sua maturidade, pois Camilo era ingênuo enquanto Vilela aparentava ter mais velho. Após o reencontro de Camilo com Vilela sua mãe também morre, nessa ocasião Vilela o ajuda no funeral, enquanto Rita cuida do seu emocional.
           Rita era formosa, tonta e inconsequente. Ao cuidar de Camilo eles compartilharam passeios e livros, gerando um relacionamento extraconjugal. Em um aniversário de Camilo, Vilela lhe dá uma rica bengala de presente, mas Camilo se atentou ao simples bilhete dado por Rita. A diferença dos presentes demonstra que mesmo Rita tendo um caso com Camilo, não houve um esforço da parte dela, sua valorização não era maior do que a de Vilela que ao dar uma bengala o compara com uma autoridade, diferente do ponto de vista da sociedade, e mesmo diante disso Camilo preferiu o presente Rita. O bilhete ou carta de Rita marca o momento que Camilo descobriu seu sentimento por Rita. Após seu aniversário Camilo tentou se afastar de Rita, mas ela o seduziu, essa capacidade de persuasão de Rita é comparada com uma serpente fazendo uma intertextualidade com a Bíblia Sagrada:

“Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis.” Gênesis 3:4.

           Mas assim como na Bíblia Sagrada as consequências não demorariam a vir e Camilo recebe uma carta anônima lhe dizendo que todos sabiam da sua aventura. Camilo passou a se ausentar de Rita gerando a consulta inicial do texto com a cartomante, após receber outras cartas e contar a Rita a respeito delas, Rita diz a Camilo que pela importância dada pelo autor das cartas deveria ser algum pretendente dela, pois quem tem boas intenções pouco se movimenta, mas quem é movido pelo egoísmo tem motivos para mandar cartas e busca o que quer.
          Essa revelação é uma crítica a postura dos que tem valores virtuosos relacionados ao altruísmo, estes são passivos enquanto os que são motivados pelo egoísmo são impulsionados a buscarem seus objetivos de forma ativa. Ela também nos revela que o escritor da carta se importa bastante com Rita, deixando como suspeito Vilela, que até então não teve mudança em seu comportamento, mas após esta carta ele começou a apresentar um aspecto sombrio e desconfiado. Após estes sintomas Rita e Camilo combinaram de se separar e como iriam se comunicar.
           No dia seguinte após a separação Camilo recebeu um convite assinado por Vilela que dizia para ele ir a sua casa, pois precisava falar com ele o quanto antes.
           As letras do bilhete estavam tremulas gerando uma suspeita para Camilo. Os detalhes agora são expostos e relacionados a frase de Shakespeare, o ceticismo de Camilo começa a dar lugar a uma crença nele guardada.
        Houve uma mudança de apenas um romance para um drama abordando a fé e a razão. Acontecem vários incidentes que aparentam tentar definir o destino de Camilo, um deles é uma carroça que caíra atravancada na rua que dava acesso a casa de Vilela, próximo a casa da cartomante.
       As janelas de todas as outras casas estavam abertas menos as da casa da cartomante destacando-a, um sinal de que em todos os outros lugares ele poderia recorrer menos aquele, outro acontecimento que nos direciona a fé é a voz de Vilela sussurrada aos ouvidos de Camilo repetindo as mesmas palavras do bilhete, então houve uma distinção das entidades por trás do acontecimento, uma que o chamava e outra que o impedia de ir a casa de Vilela ou da cartomante. Camilo relembra frases citadas por sua mãe e mais uma vez a frase de Shakespeare é citada no texto, após este retorno as crendices ele resolve recorrer a cartomante.
           A casa da cartomante tem um aspecto sombrio, uma característica que aumenta o prestigio da cartomante, um cenário apropriado e proposital para comprovar a veracidade de uma cartomante. A cartomante tinha quarenta anos era Italiana e magra, na salinha onde estavam Camilo e a Cartomante havia pouca luz de fora e essa batia direto no rosto de Camilo, essa luz que bate no rosto do cliente é utilizada como artifício para ludibriar o cliente e também nos leva a mais uma das tentativas e sinais de uma das entidades de o tira-lo do seu destino, pois dentro era sombrio, escorregadio e pegajoso.
           A consulta de Camilo teve muitas mais informações vindas da cartomante que a de Rita, ela sabia que ele estava assustado, que o terceiro ignorava tudo, que não lhe aconteceria nada, deste modo a paz de espírito de Camilo foi restaurada mudando o aspecto como ele via o mundo e sua circunstância atual.
           A paz de espírito é o resumo do objetivo da cartomante e o que o cliente procura, a cartomante utilizou de informações óbvias como o susto em seu rosto, a beleza de Rita que já a conhecia e a informação sobre um terceiro que ao falar que queria saber sobre o bem estar dela e dele, se presumiu que era sobre uma ameaça do cônjuge de Rita, essas informações geraram sensações diferenciadas em Camilo como confiança, alegria e fé.
           Uma das consequências geradas pela fé é que quando não se preocupamos com o presente ele se torna mais leve, o futuro se torna confortável e há esperança no porvir, mas essa mesma confiança nos impede de construir um futuro bom ou de mudar um futuro ruim, e é isto que acontece com Camilo, ao chegar à casa de Vilela ele subiu seis degraus de pedra, um número que marca por força de uma das entidades mais uma vez o local onde Camilo não deveria ir, os seis degraus levam a um sétimo grau que é a própria casa de Vilela, na Bíblia Sagrada, o número sete é representado pelo dia do descanso.

           “pois em certo lugar disse ele assim do sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as suas obras; e outra vez, neste lugar: Não entrarão no meu descanso.” Hebreus 4:4-5

           Vilela já o esperava e quando Camilo entra em sua casa ele se depara com Rita morta, e Vilela logo em seguida mata Camilo com dois tiros de revolver, desta forma se encerra o conto.
        Todos os acontecimentos giram em torno da frase de Shakespeare na peça Hamlet sobre os mistérios que estão entre o céu e a terra, não são revelados estes mistérios, mas são utilizados para exemplificar a frase de Shakespeare, o texto recebe o título de “A Cartomante” não por acaso, pois este personagem tem em suas atitudes os mistérios da frase, pois suas revelações em consultas podem ser óbvias, mas suprem as necessidades dos clientes em relação as suas preocupações, entretanto a confiança depositada nela é arriscada pois esta pode ter seus propósitos diferentes dos de seu cliente.
           Os personagens tem a função de nos tornar parte do conto, isso torna o final intrigante e aguça a nossa curiosidade por fazermos parte dos personagens e eterniza o conto por estar em aberto o mistério do remetente dos bilhetes e se a participação da cartomante é tão simples quanto parece.



REFERÊNCIAS:

A Cartomante – Wikipédia, a enciclopédia livre. 2013

Bíblia Sagrada – Hebreus e Gênesis – Tradução: João Ferreira de Almeida.